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A PENNA DE PAPAGAIO

ouvir elogios, nunca tinha saboreado gabos como os da menina. Achou-os ainda mais gostosos que a melhor banana ouro.

— Soltem-na incontinenti, ordenou elle, e deem a essa encantadora visitante a arvore mais alta para morar e o mais gentil macaco para esposo! Ficará morando comnosco, como é seu ardente desejo. Mandarei emissarios contar o caso a sua vóvó, que certamente vae ficar radiante quando souber da honra insigne que o Rei-Sol acaba de conceder á sua neta.

Narizinho, que não esperava tanto, fez uma careta. Mas conteve-se, resignada, na esperança de que Penninha viesse salval-a.

Foi levada dalli para o alto da sua arvore, emquanto os guardas traziam á presença do rei o visconde, sempre de canastrinha nas costas.

— E você, senhor viajante de cartola, qual a sua opinião?

O pobre sabio arriou a canastra, sentou-se em cima e enxugou o suor da testa com as costas da mão.

— O que acho? disse elle depois de tomar folego. Acho que esta canastrinha é muito pesada para um velho doente como eu.

— Não me refiro a nenhuma canastra, seu palerma! Que acha do meu reino? berrou Simão carregando os sobr'olhos.

Sempre atrapalhado e esmagado com o peso da carga, o visconde não havia podido prestar attenção a coisa nenhuma e portanto não podia achar coisa nenhuma.

— Vossa Majestade me perdoe, disse elle, mas ainda não vi nada, de tão cansado que estou. Deixe-me primeiro tomar folego e dormir um somno. Amanhã darei minha opinião mais socegado.

O rei não gostou nada daquella resposta, mas deixou passar. Mandou que dormissem o visconde e trouxessem o ultimo prisioneiro.