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O PÓ DE PIRLIMPIMPIM

dureto, mas na primeira curva do caminho se esconderam numa moita e Pedrinho voltou para pegar o burro. Tudo para que tia Nastacia não visse...

Veio o burro e dona Benta tentou montar. Quem disse! Não houve meio. Sem uma cadeira não ia.

— Já não tenho a agilidade dos bons tempos, suspirou ella. Creio que nunca poderei montar neste burro...

— Alli adeante ha um toco que poderá servir de cadeira, murmurou o burro na sua voz mansa de animal falante.

Apezar de corajosa, a boa velha não deixou de sentir seu friozinho na espinha, ao ouvir taes palavras pronunciadas por tal bocca.

Dirigiram-se ao toco indicado e, afinal, com a ajuda dos meninos, da Emilia e até do visconde, poude ella montar. Narizinho pulou na garupa, com Emilia no bolso. Pedrinho occupou a frente e o visconde foi amarrado á crina do animal.

— Tudo prompto? gritou Pedrinho.

— Parece que sim, respondeu dona Benta.

— Nesse caso cheire isto, vovó! disse elle, tirando dum canudo uma pitada de pó magico, que chegou ao nariz da velha.

— Oh, Pedrinho! exclamou dona Benta escandalizada. Bem sabe que não tomo rapé.

Todos cahiram na gargalhada.

— Não é rapé, vovó! E' muito bom pó de pirlimpimpim, que Penninha me deu. Sem cheirar este pó, nunca chegaremos ao Paiz das Fabulas.

Ao ouvir aquillo, Emilia arregalou os olhos.

— Paiz das Fabulas? Então é para lá que vamos outra vez? Vocês prometteram que a segunda viagem seria ao Mar dos Piratas!...