monarchia, restam uns mil negros. São todos das pequenas nações do interior da Africa, pertencem aos igesá, oié, ebá, aboum, haussá, itaqua, ou se consideram filhos dos ibouam, ixáu dos gêge e dos cambindas. Alguns ricos mandam a descendencia brasileira á Africa para estudar a religião, outros deixam como dote aos filhos cruzados daqui os mysterios e as fcitiçarias. Todos, porém, fallam entre si um idioma commum: — o eubá.
Antonio, que estudou em Lagos, dizia:
— O eubá para os africanos é como o inglez para os povos civilisadas. Quem falla o eubá póde atravessar a Africa e viver entre os pretos do Rio. Só os cambindas ignoram o eubá, mas esses ignoram até a propria lingua, que é muito difficil. Quando os cambindas fallam, misturam todas as linguas... Agora os orixás e os alufás só fallam o eubá.
— Orixás, alufás? fiz eu, admirado.
São duas religiões inteiramente diversas. Vai ver.
Com effeito. Os negros africanos dividem-se em duas grandes crenças: os orixás e os alufás.
Os orixás, em maior numero, são os mais complicados e os mais animistas. Litholatras e phitolatras, têm um enorme arsenal de santos, confundem os santos catholicos com os seus santos, e vivem a vida dupla, encontrando em cada pedra, em cada casco de tartaruga, em cada herva, uma alma e um espirito. Essa especie de polytheismo barbaro tem divindades que se manifestam e divindades invisiveis. Os negros guardam a idéa de um Deus absoluto como o Deus catholico: Orixá-alúm. A lista dos santos é infindavel. Ha o orixalá, que é o mais velho, Axum,