não está no pensamento da obra, onde se encontra ela? — No estilo? — No jogo cênico?

Quanto ao estilo desafio a quem quer que seja que me apresente uma palavra que não possa ser pronunciada pelos lábios os mais puros, escutada pelos ouvidos os mais castos; conversa-se ali, como se conversa em qualquer sala, e a linguagem serve de véu à ideia.

Se a inteligência do espectador através dessa gaze transparente do espírito descobre o pensamento, não é isso razão para acusar-se de imoral a frase; porque do mesmo modo no fundo das cousas as mais santas e as mais respeitáveis, no casamento, na maternidade, no amor, nós achamos um fato que a decência manda calar, um mistério do pudor que se compreende e se cala.

Entretanto, ninguém ainda proibiu que se falasse em amor e casamento, pelas ideias que essas palavras revelam; é a inocência que deita a sua venda sobre o espírito da moça pura, e não deixa que a sua mente se lance no mundo da fantasia a perscrutar a significação exata, positiva e real de um fato que ela desconhece.

O que pretendo provar com isto é que há em todas as línguas duas ordens de termos, dois dialetos diferentes; um que é usado pela boa sociedade, e