IV O CIBERESPAÇO E O PROJETO DEMOCRÁTICO
"Se há pois escravos por natureza, é porque os há contra a natureza; a força formou os primeiros, e a covardia os perpetuou."
Do Contrato Social, Jean-Jacques Rousseau
Nesse capítulo será analisado como a sociedade civil se conecta com a esfera pública e
com o sistema político por meio das atividades de participação advindas de um projeto
democrático. São observadas algumas das definições referentes à participação e suas
disfunções decorrentes da consolidação de um capitalismo baseado na razão instrumental.
Analisa-se a proposta da ação comunicativa que fora cunhada por Habermas (2003) em face deste contexto. Por fim, serão consideradas as noções de democracia eletrônica que eclodem e proporcionam novas dimensões às proposições da participação política.
A participação é apontada como elemento fundamental para a consolidação de um projeto democrático legítimo. Sendo este, "um projeto que torne viável um governo do povo (a soberania popular) a partir de regras procedimentais válidas para todos e de arranjos institucionais que facilitem a livre competição política e a participação ampliada nos processos de tomada de decisões." (NOGUEIRA, 2004, p.90).
Ainda de acordo com Nogueira (2004), os participantes são partes que integram ou desejam integrar algo com o intuito de estabelecer-se utilizando recursos (políticos, técnicos, financeiros, intelectuais) próprios ou disponíveis em espaços comuns. Quem participa objetiva despontar-se como sujeito que possui valores, interesses, aspirações e direitos. A rigor toda participação se orienta por um tipo de relação de poder, portanto são relações políticas.
Para Dallari (1984), o uso do termo "política" pode ser empregado para se referir à vida dos seres humanos integrados e organizados em sociedade, na qual tomam decisões sobre assuntos de interesse coletivo e, ainda, para se referir ao estudo dessa organização e