dessas decisões. Pode-se chamar de política tanto a organização social que visa a atender à necessidade natural de convivência dos homens, como toda ação que tenha efeito sobre a organização, o funcionamento e os objetivos de uma sociedade. Portanto, todos os indivíduos de uma sociedade teriam o dever de participar da vida social e influenciar as decisões de interesse comum, uma vez que são questões inerentes ao indivíduo social.
Nesse sentido, seguindo um modelo de consciência política coletiva preconizado por Gramsci, Nogueira (2004), propõe quatro grandes modalidades de participação que coexistem e se combinam de diferentes formas em diferentes momentos históricos e sociais do mundo moderno — mundo da sociedade de classes, mundo capitalista e mundo do Estado democrático representativo.
A primeira modalidade é chamada de participação assistencialista que possui uma finalidade filantrópica ou solidária e se mostra mais relevante entre os segmentos sociais mais pobres e marginalizados. Serve como uma estratégia de sobrevivência que existe na universalidade do globo ao longo da história humana e tende a aparecer preponderantemente em estágios de menor maturidade em relação à consciência política coletiva.
Uma segunda forma é chamada de participação corporativa e se refere à defesa de interesses específicos de alguns grupos sociais ou categorias de profissionais. É um modelo fechado entre os integrantes do grupo, só ganha quem pertence à associação e possui importância proporcional à força e relevância que os interesses adquirem na dinâmica social. Possui um caráter universal, tal qual a participação assistencialista e ambas se interrelacionam, pois estão quase sempre associadas com problemas existenciais imediatos, concretos e de fundo econômico. De acordo com Nogueira (2004),
"podemos dizer que ambas as modalidades de participação integram uma espécie de dimensão pré-política da agregação moderna, na qual os grupos (classes, comunidades) reconhecem a necessidade de unir-se para defender ou para negociar em melhores condições os termos de sua 'adesão' à sociedade moderna. São práticas, portanto, muito mais sintonizadas com o proletariado e com as camadas populares do que com a burguesia, classe que até o século XIX considerava todo associativismo um movimento desagregador da unidade nacional ou da ordem social." (NOGUEIRA, 2004, p.131)