Seja qual for o grau de consciência política, de acordo com Nogueira (2004), a participação poderá se distinguir de duas formas. Uma com um caráter mais comunicacional onde o ator exprime seus valores e interesses, tendendo a concentrar as ações num curto prazo e com maior intensidade. A segunda forma seria lógica e estratégica, forma em que o ator se posiciona decididamente em relação ao "outro", ao "Estado", à modificação dos moldes relacionais de autoridade e dominação, essa maneira de participação costumaria ocorrer de forma mais gradual e "calculada". Ora, conforme se verificou no capítulo anterior, qualquer forma de participação voltada à comunicação ocorre fundamentalmente na esfera pública e influirá na formação de opinião pública frente ao tema defendido ou contestado. Ainda que as diferenciações sejam tênues e possam se confundir ou ocorrerem concomitantemente nesse capítulo há um foco maior em relação à participação definida como lógica estratégica, entretanto será verificada posteriormente a necessidade e eficiência da comunicação inclusive nesse modelo participativo.

Ainda segundo Nogueira (2004), a política democrática deve criar condições para que os cidadãos organizados controlem e participem dos governos, cobrem as responsabilidades dos diversos atores do jogo social e coloquem em curso processos ampliados de deliberação na intenção de viabilizar os embates e discussões públicas referentes aos problemas da vida comum. Indica que tal projeto somente se viabiliza quando é imposto e defendido pela sociedade civil.

De acordo com o autor, a sociedade civil ganhou corpo ao longo do processo de objetivação e reprodução do capitalismo que, com sua modernização, afirmou um conglomerado de interesses particulares. Desta forma, inúmeras agregações, inicialmente não-políticas, tenderam a associar-se em função ao modelo participativo da democracia. Para Nogueira,

"é dessa forma — ou seja, como espaço político — que a sociedade civil vincula-se ao espaço público democrático e pode funcionar como base de uma disputa hegemônica e de uma oposição efetivamente emancipadora, popular e democrática às estratégias de dominação