A participação eleitoral é tida como a terceira modalidade e é projetada ao campo político propriamente dito, não visa somente à defesa de interesses particulares, mas também interfere na governabilidade e reflete diretamente em toda a comunidade. Já é observada uma maior consciência política com noções de direitos individuais civis e direitos políticos.
Por fim, a quarta modalidade é a denominada participação política que complementa e supera os modelos anteriores. Realiza-se tendo em vista a comunidade como um todo, a organização social em todo o seu conjunto. Pode ser definida como uma prática ética e política que se refere ao poder, à dominação, ao consenso e à hegemonia. Segundo o autor,
"é mediante a participação política que a 'vontade geral' — o pacto social — se objetiva, se recria e se fortalece, fazendo com que certas 'desigualdades físicas ou naturais' entre os homens sejam substituídas por uma 'igualdade moral e legítima' (...) Por intermédio da participação política, indivíduos e grupos interferem para fazer com que diferenças e interesses se explicitem num terreno comum organizados por leis e instituições, bem como para fazer com que o poder se democratize e seja compartilhado. (NOGUEIRA, 2004, p.133)
É a participação política que consolida, protege e dinamiza a cidadania e os direitos humanos, seus protagonistas são os cidadãos que integram uma comunidade e por meio desta ação legitimam o pacto estabelecido.
Além das definições indicadas no modelo gramsciano, Nogueira (2004), propõe um outro formato de participação para definir aquela ação coletiva ou individual que não se orienta com um caráter político, muito menos contrapõe o poder estabelecido ou as relações de dominação. Tal modo de participação dedica-se a compartilhar decisões governamentais, garantir direitos, interferir nos orçamentos ou dar sustentabilidade para algumas diretrizes. Concentram-se na obtenção de vantagens e de resultados e pode combinar todas as quatro modalidades anteriores - é chamada participação cidadã.
De uma maneira contrária, a participação política promove uma espécie de invasão do Estado pela sociedade civil, configura um meio para se fazer presente no conjunto da vida coletiva, disputar governos, estabelecer hegemonias ou direcionar a intelectualidade e moralidade social.