No início do fenômeno colaborativo, o sociólogo Peter Kollock (1999), analisou os fatores que facilitam ou dificultam o surgimento de projetos ou comunidades cooperativas. Para tanto, propôs a definição sobre economia da doação que se baseia na troca de presentes (gifts), no caso das comunidades virtuais são informações, serviços de ajuda ou fontes de conhecimentos. Essas trocas se caracterizam por serem inalienáveis, sem haver necessidade de reciprocidade e por tornarem-se bens públicos, na medida em que são partilhadas em locais acessíveis ao restante dos freqüentadores da comunidade.

A economia da doação implica nos resultados apontados, posteriormente, por Benkler ao propor a produção por pares. Entretanto, deve haver alguma motivação para que ocorra a participação de um indivíduo neste ciclo. Neste sentido, Kollock levanta quatro fatores fundamentais de motivação: reciprocidade, prestígio, incentivo social e incentivo moral.

De acordo com Spyer (2007), os fatores motivacionais levantados por Kollock, ao serem inseridos no contexto da cibercultura, devem ser observados da seguinte maneira:

  • Reciprocidade: Uma pessoa fornece informação relevante para um grupo na expectativa de que será recompensada recebendo ajuda e informações úteis no futuro. Há registros indicando, por exemplo, que participantes ativos de comunidades virtuais recebem respostas mais rápido do que desconhecidos. Da mesma maneira, uma pessoa que apenas pede e não oferece ajuda aos outros acaba ignorada dentro da comunidade.
  • Prestígio: Para ser respeitados e reconhecido dentro de um determinado grupo, um indivíduo pode oferecer informações de qualidade, fartura de detalhes técnicos nas respostas, apresentar disposição para ajudar os outros e redação elegante. Em função do prestígio, é comum que usuários que atuam em comunidade incrementem sua participação ao receberem um título diferenciado, como líder ou moderador.
  • Incentivo social: O vínculo a um determinado grupo leva pessoas a oferecerem voluntariamente ajuda e informações. Isso vale, por exemplo, para alunos e ex-alunos de uma escola ou universidade, torcedores de um time, freqüentadores de um estabelecimento comercial, entre várias possibilidades. Uma possível contrapartida para isso é a expansão dos vínculos sociais dentro do grupo. Um programador respeitado por suas contribuições ao sistema Linux, por exemplo, se torna conhecido entre seus pares e aumenta sua rede de contatos.
  • Incentivo moral: O prazer associado à pratica de boas ações estimula pessoas a doarem seu tempo e seu esforço. Na medida em que os custos de compartilhamento e distribuição forem próximos a zero, alguém que desenvolveu um programa para resolver um problema particular pode submeter seu trabalho para que outros se beneficiem dele. Um executivo da área de finanças pode se sentir bem oferecendo duas horas semanais para participar de um espaço colaborativo. Ele aplica sua experiência para, por exemplo, ajudar organizações assistenciais a resolverem questões ligadas à captação ou investimento de recursos. (SPYER, 2007, p.36-37)

Novamente, é possível verificar que não é o temor ressaltado por Hobbes que leva o