Portanto, sob essa visão dual as firmas são unidades produtivas que compram fatores de produção para produzir bens e serviços de acordo com a demanda do mercado. Ela será viável enquanto for mais barato comprar e racionalizar tais fatores de produção internamente do que adquirí-los diretamente no mercado.

Entretanto, de acordo com Benkler (2002), os exemplos recentes de organizações sociais colaborativas e fundamentadas no ciberespaço não se enquadram em tal dualidade. Essas organizações surgem num ambiente onde os custos transacionais, de produção e de comunicação se tornam ínfimos, a produção não é orientada fundamentalmente pela demanda. Ainda, não há uma hierarquização na definição das tarefas de produção e o trabalho se dá de forma espontânea e sem que haja um retorno monetário imediato e condicional ao esforço realizado. Tal modelo de produção foi denominado por Benkler como "peer production", ou produção por pares. A produção por pares possui vantagens em relação às organizações do duo empresa e mercado, pois permite a conjunção de grupos maiores de pessoas em atividades de pesquisa, colaboração e combinação em níveis que não seriam alcançados pelas outras organizações em função do mercado, já que os custos transacionais seriam elevados.

O modelo que surgiu com os softwares livres já pode ser identificado em outros projetos colaborativos. De acordo com Lemos (2005),

"O principal exemplo é o GNU/Linux, um software criado a partir da colaboração de programadores de todo o mundo, que não se encontram vinculados diretamente nem a uma empresa nem à idéia de mercado, mas a um terceito tipo: um modelo colaborativo. A criação do GNU/Linux foi possível porque, na maioria dos casos, programadores dedicaram seu tempo "livre" a desenvolver o software, sem esperar remuneração ou direitos autorais em troca, mas apenas para poder participar de um modelo colaborativo global e, como o próprio Linus Tolvalds alega, por incentivos que não guardam relação direta com benefícios econômicos, mas sim com interesses sociais e individuais." (LEMOS, 2005, p.81)

Ainda segundo o autor, esses incentivos não-econômicos levam pessoas de todo o mundo a dedicar seu tempo a projetos colaborativos. Alguns o fazem por achar a atividade divertida, outros pela crença em estar retribuindo conhecimento à sociedade e outros, ainda, por se sentirem parte de uma iniciativa global.