e cuidados, a que dava causa a maldade dos que me perseguiam; e não creiais que vos digo quem sou para negar-me à morte, pois buscáveis a Diófanes para lhe tirar a vida, mas sim para justificar a minha inocência, pois pelo mesmo, que descubro, intentareis fazer corpo ao delito, que não tenho; os justos Deuses, que me assistem, punirão a vossa crueldade, e se justificará ser bem nascida a resistência, que farei por não morrer, como vil, obrando sempre como Soberano.
A estas vozes de Diófanes não davam atenção alguma, dizendo serem sutilezas, com que esperaria, que o mandassem passar para o inimigo com a capitulação da paz. Estando já com poucos horas de vida, chegou um aviso de Anfiarau, que movendo-se aos clamores do povo, ordenava que se não justificasse, sem que fossem à sua presença as provas de seu delito. Com esta impensada novidade ficaram os malévolos cheios de susto, e terror; uns diziam, que se lhe desse veneno, outros lembravam o perigo de ser conhecido, e enfim assentavam, que só lhe seria conveniente dar-lhe lugar a fugir, o que com grandes despesas conseguiram; e como Diófanes não era sabedor do aviso de Anfiarau, logo que da prisão foi ajudado para a fuga, por mãos, que fingiam piedade,