infeliz viesse a ter o maior alívio. Mas que digo, se morreu, como vil, o que tão adornado de virtudes me havia tocado por sorte? Quem me dissera, que aquele venerando ancião atraía a si o meu afeto, não só pelo que parecia, mas sim pelo que era? Quem poderá mais crer nos enredos do Mundo, que apenas acaba um susto, já vai dispondo outros maiores? Se haverá tempo, que me alegre, quando vejo que este só se conserva a constância nas cruéis mudanças? Quem estimará as distinções; com que uns nascem de nobres, outros de humildes, se todos são igualmente sujeitos aos contrastes da fortuna? Quem desejará riquezas, e estimações, se mil anos de tempo para as possuir tem tanto ser, como um dia, que passou para deixar tudo? Assim chorava até agora também as tuas ações; agora que te vejo, e me satisfaço de como viveste, já me parece que aquele pesar não senhorava o meu ânimo; porque as razões que encontro na morte de Diófanes, parece que intentam arrancar-me do peito o coração.
Não se choram as mortes dos que deixam vinculados à posterioridade os seus gloriosos nomes, só se sente a saudade, que de um dia para outro vai curando o tempo. O quanto se ultraja a inocência, que deixa