e trabalhos. Onde nos levareis, que os justos Deuses não vejam a nossa inocência? Onde iremos, que com justa causa nos não possamos queixar da vossa iniqüidade? Nós não prosseguimos a nossa peregrinação, mas vós caminhais para os castigos, que esperam as injustiças. A estas palavras enfurecidos, tratando-o muito mal, o deixaram na prisão, onde mais sentia o susto de Delmetra, que o próprio incômodo; ainda que tinha por um novo gênero de tormento o estar entre um ajuntamento de malfeitores, dos quais eram as ações, e palavras indícios de suas depravadas vidas; pelo que chegou a temer que conhecessem o seu disfarce; e reduzida a uma pena consternação, se resolveu a dizer ao Ministro Arnézio: Bem quisera eu, senhor, conservar um segredo, que me tem defendido da maldade dos homens; porém vejo-me precisada a estar com estes, que não temem a justiça, não amam os Deuses, nem respeitam o Soberano, já perderam os bens, e não desejam a vida; e como da companhia dos maus se faz contagiosa a maldade, receio demorar-me aqui; e assim sabei que eu nasci a que não pareço, que um naufrágio me trouxe aqui, e que a mulher, com quem fui achada, é minha triste mãe, que ali descansávamos, para no dia seguinte continuarmos a nossa