Delmetra, e Belino e a sua trabalhosa jornada.

Em poucos dias chegaram a uma grande povoação; e ignorando onde estavam, lembrados do que lhes havia sucedido em Esparta, se houveram com a maior cautela; mas não bastou todo o cuidado para evitar o que lhes falta de padecer. Junto às muralhas descansavam, e não passando dali, entendiam livrarem-se das gentes; mas como havia grande cuidado, e cautela em averiguar quem entrava naquela Cidade, chegaram duas sentinelas para reconhecê-los; e julgando ser Belino desertor, o levaram logo a prisão, em que ficou para descobrir que eram; donde vinham, e que queriam. Delmetra com lágrimas dizia estavam descansando, e que lhe soltassem Belino para poder continuar a viajar, sem fazer ali demora; e como se não moviam a tão justas súplicas, lhe disse Belino: Vós me haveis reduzido a esta prisão injustamente, pois não advertis que aos que vão correndo o Mundo, não deveis castigar, porque ignoram os vossos costumes, e por isso nós descansávamos àquela sombra sem malícia; eu sou filho de Delmetra, vimos de um país amigo vosso; e se ainda assim nos querei maltratar, é mais abominável a vossa porfia, e sem razão, que insuportável a nossa desgraça,