largo trabalho consentiu que se vendesse para fora do reino, por lhe ser oculto que a pretendiam uns estrangeiros, que por sua beleza a desejavam oferecer a Beraniza, Princesa de Atenas. Em o dia seguinte se celebrou a venda, indo Hemirena para outro domínio novamente aflita, e assustada. Túrnio, sabendo aquela novidade, e antevendo acabar a sua esperança, se queixava de sua desgraça, dizendo: Ai de mim! Que nome terá este mal, de que eu acabo a vida? Já não vejo a estrela da alva, os rios já correm turbos. Ditosos cordeirinhos, que não sentis o que eu padeço! Onde está a formosura, que fazia o dia mais claro? Eu me queixava pelo que via, agora vejo o de que morro. Não quero guardar os rebanhos, nem já me guardarei a mim, a ver se me matam os lobos. Onde estou? Não sei o que faço. Hemirena, Hemirena. A este tempo, ouvindo o eco, em mais delírios dizia desconfiado: Mais ai que estão zombando de mim outros Pastores! Zombe embora, que eu de todos me hei de rir, quando morrer. Mas que digo? Eu estou louco? Pois não me falam, e eu ouço vozes? Não sei onde está Hemirena; mas eu sinto comigo: e assim louco, ou perdido vou correndo a buscá-la. Chegando o pobre Pastor a casa, e sabendo