compaixão, que merece uma infeliz.
A estas palavras entrou Belino naquela horrenda cova, e viu uma mulher, que mostrava no rosto quebrantado alguns vestígios de formosura, sumamente agradável, e parecia ter mais de setenta anos. Chegou a Belino; e apertando-o entre seus braços, lhe disse: Qual seria o astro benigno, que te conduziu à minha escura habitação? Talvez compadecendo-se já das minhas adversidades, encaminhasse para aqui os teus passos, porque nem sempre consentem que o fado triunfante dos mortais: aqui tenho vivido retirada das gentes, e só na sombra das pedras achei o melhor amparo. E ficando suspensa, e pensativa por algum tempo, lhe disse Belino; Confia-me o teu nome, continuando no desafogo dos teus pesares: porque quando se repartem comunicados, fazem menos violento o seu efeito: e porque a um infeliz, a quem atropela a desgraça, sempre servem se alívio os lastimosos ecos dos que também se queixam da fortuna. Bem quisera servir-me da ocasião para os desafogos (lhe respondeu); mas como poderei dizer-te quem sou, se da minha origem parece que nem as memórias conservo; que como apostou o destino a minha ruína, não me lembro da que sou, e me aborreço tanto,