na viva em fogueiras. Não ha monstruosidade que em nome da lei ou de Deus os carrascos civilizados não tenham praticado. Mesmo aqui na America o que sobretudo os espanhois fizeram é de arrepiar as carnes. Os indios, não. Brincavam com as vitimas, apenas. Assim é que depois da tal dansa de pernas amarradas eles rodearam Hans para escolher pedaços. A perna é minha, dizia um; o braço é meu, dizia outro; eu quero este pé, exclama terceiro.
Em seguida obrigaram-no a cantar; Hans obedeceu e entoou versos religiosos em latim. A curiosidade dos indios quis logo saber o que significavam.
— “São versos cantados em honra do meu Deus”, explicou Hans.
— “Teu Deus é “tipoti” (excremento), exclamaram diversos.
Hans, que era muito piedoso, magoou-se com aquilo e murmurou, olhando para o ceu: “Como podes tu, Deus poderoso, sofrer com paciencia estes insultos ?”
Finda a festa, os indios reconduziram o prisioneiro á taba de Ubatuba. No momento da partida os ariaribenses gritaram-lhe : -
— “Breve lá estaremos para provar da tua carne !”
Não se pode imaginar um botafóra mais sinistro...
Hans regressou a Ubatuba, onde novos dias se passaram sem que os indios se resolvessem a comê-lo. Iam contemporizando sem que ele soubesse por que.
Certa madrugada houve grande reboliço na aldeia.
— “Os tupiniquins !” gritavam os indios, correndo de um lado para outro, em preparativos para a luta. De fa