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religioso o celibato clerical. Voltando a S. Paulo em 1830, prestou tamanhos serviços á provincia, como membro do conselho do governo, que sem a sua energia, e illustração, sem duvida, scenas desastrosas apparecerião na capital, por occasião do assassinato do Dr. Baderó. Injustamente calumniado um magistrado, pôde o padre Feijó livra-lo do furor do povo, para dar lugar, á que o tempo reflexionando, descobrisse a verdade, e desnodoasse aquelle, que o crime que linha, era o cumprimento dos seus deveres de magistrado.

Voltando ao Rio de Janeiro em 1831, encontrou anarchisada a capital do Imperio, pelas occurrencias de 7 de Abril; e pelo seu caracter energico, a regencia o nomeou ministro da justica, cujo cargo aceitou com condições que offereceu.

O padre Feijó sabia profundamente o que era necessario empregar, para acabar os manejos torpes da politica, e o que elle assás conhecia por experiencia, a pratica depois demonstrou a todos, porque entrão e sahem es ministros do poder, e nada fazem, e no entanto o mal não depende dos bem intencionados,e sim da dependencia em que estão uns,do assentimento dos outros. Se se acabasse com esse chamado conselho de ministros,e se désse a indeperdencia precisa a cada um ministro, tendo sómente por presilente o Imperador,e por juiz dos actos a nação, representada legitimamente pela assembléa eeral legislativa, certamente teriamos em cada repartição,o melhoramento necessario, e não um jogo de transacções, ou antes de conveniencias particulares, com grave prejuizo dos interesses publicos. No ministerio da justiça, o Sr. padre Feijó desenvolveu o maior tino administrativo, obstando que a capital do Imperio se conflagrasse por occasião da revolta começada na noite de 6 de Outubro na Ilha das Cobras; e só a sua energia de animo, podia arrostar as dificuldades porque passou a capital do Império nesses dias calamitosos, e de effervescencia popular.

Duas ficções tenebrosas se apresentarão em 1832, para desmantelar a nação; uma dos confederalistas, e outra, que preparava a restauração do Sr. Dr. Pedro I; e o Sr. Feijó, de posse dos segredos e planos, evitou o mal, não para salvar a sua existencia ameaçada, mas sim a patria, que corria o mesmo risco que elle. No dia 3 de Abril tinha de rebentar a revolução confederal, e na manhã do dia 2, reunindo em sua casa, as autoridades civis,e militares, tomou as providen-