presenciar este espetáculo inteiramente novo para eles, e ignorando a sua causa, tomaram os seus efeitos como milagre, e dali o nome, que deram a Germana de irmã, e a fama, que ela ainda hoje goza de santa. Dois médicos ou cirurgiões, ou, como então se dizia, dois clínicos Antônio Pedro de Sousa e Manuel Quintão da Silva concorreram da sua parte, para que mais e mais se aumentasse a veneração pública, passando atestados, de que o seu estado era sobrenatural, pois só assim podiam explicar a periodicidade de seus ataques catalépticos.2
Em vão o Dr. Gomide, distinto e instruído médico, formado na Universidade de Edimburgo, procurou refutá-los, publicando uma memória cheia de ciência e de lógica,3 na qual procurou provar, fundado em numerosas autoridades, que os êxtase da irmã Germana nada mais eram do que uma catalepsia; cresceram as romarias à serra da Piedade, e divulgou-se o boato de que o doutor, não tendo visto a enferma, não pudera estudar o fenômeno da sua moléstia em todas as suas particularidades, e os atestados dos clínicos, não tendo sido impressos, foram reproduzidos em numerosas cópias, e circularam ainda nas mais remotas vilas e aldeias da província.
O que até ali era crença para todos, começou a ser dúvida para muitos, e a opinião pública dividiu-se; então interveio o sábio e esclarecido bispo de Mariana, o padre