desgraçado ano de 1789, quando a perseguição contra os inconfidentes cobriu de luto as principais famílias do país, arrancou um brado de indignação, e veio, depois de suas cenas de sangue e deportações, ostentar-se num monumento execrável, em que a tirania procurara realçar a lembrança de suas duras lições.
Vila Rica foi por muito tempo a cidade favorita dos poetas; e a poesia a tinha tornado célebre por mais de um título; Cláudio Manuel da Costa, a quem cabe o nome de Metastásio brasileiro, cantara a sua fundação; Silva Alvarenga, Alvarenga Peixoto, Vidal Barbosa, Santa Rita Durão, José Basílio da Gama, e seu irmão Antônio Caetano lhe pagaram o tributo a seu talento; e Tomas Antônio Gonzaga, que eternizou a história dos seus amores em suas liras, primando na suavidade das suas rimas, que depois foram publicadas com o título de Marília de Dirceu, e delineara em seus versos, com a arcádia dessas cenas campestres, de que se fez pastor, para poder falar uma linguagem menos ostensiva e mais própria da sua modéstia, tomando para si o nome pastoril de Dirceu, e dando à sua amante, a mulher que devia ser sua esposa, o de Marília, com que a imortalizou.
Entre esses montes cobertos de pinheirais, cortados por auríferos ribeirões, atravessados por algumas pontes, tão finalmente descritos pelo ameno poeta, via-se uma casa situada fora das ruas, fechando pela parte superior do terreno um pequeno campo coberto de miúda grama.