quando lhe falavam nesse livro, quando lhe lembravam o nome do seu autor, ou lhe repetiam aqueles versos, que sem dúvida sabia ela melhor do que ninguém; negava-se a apresentar-se, escondia-se, furtava-se ás vistas curiosas, que a buscavam ver e admirar, e apenas aparecia na cidade, para cumprir um dever religioso; era então, que podia ser vista, dirigindo-se á capela de S. Francisco, a ouvir missa.
“Vimo-la um dia”, diz um escritor nacional, “pela última vez, um ano antes da sua morte; vimo-la, e admiramos ainda nessa senhora, através das rugas, que lhe encrespavam o semblante, aquela regularidade de feições, mas apenas, com um tipo osteotóico de beleza.
“A calosa mão da idade lhe roçava o rosto, seus negros olhos perderam o esmalte da juventude, que os fizeram tão brilhantes como poderosos; suas faces, outrora tão mimosas, murcharam como a flor da papoula, e a rosada cútis, que as acetinava, perdeu-se com as vivas cores tão celebradas nas harmônicas liras do seu amante.”
Ainda estamos bem longe dessa época de entusiasmo e de reminiscências gloriosas. Em qualquer outro país, que não o nosso, já os restos mortais de Gonzaga estariam cuidadosamente recolhidos; seriam depositados em um túmulo e descansariam junto das cinzas de sua noiva. Então a mão do escultor gravaria sobre o mármore