excedia-se em afeição, exagerava seus os carinhos. Já não a amava; adorava-a e exigia dos mestres não só toda a paciência como deferência para com aquela que, dizia ela, devia ser tratada como princesa.

Eram críticos os tempos. Sob a máscara da amizade penetrava a espionagem em todas as casas, ouvia todas as palestras, e depois delatava tudo com a mira nas recompensas políticas. Havia o coronel Inácio José de Alvarenga Peixoto tomado ativa parte na conjuração mineira: a denúncia o envolvera na lista dos implicados, e o despotismo colonial viu nele um dos chefes mais ardentes da causa nacional, e interpretou no entusiasmo pelas cousas da pátria, que nota-se nas suas poesias, a prova cabal de sua cumplicidade. Foi arrancado do seio de sua família, preso e conduzido ao Rio de Janeiro, onde o lançaram nas masmorras asquerosas e imundas da fortaleza da ilha das Cobras.

Uma portaria expedida pelo governador visconde de Barbacena em 9 de setembro de 1789 mandou seqüestrar-lhe todos os bens, para o fisco e câmara real. No dia 13 de outubro de 1789 achava-se D. Bárbara Heliodora na sua casa do arraial de São Gonçalo, na freguesia de São Antônio do Vale da Piedade, termo da Vila de S. João d'el-Rei, abraçada com seus filhos, misturando suas lágrimas com os ais das tristes criancinhas, que em vão chamavam o desditoso pai, quando viu entrar o desembargador Luís Ferreira de Araújo e Azevedo, ouvidor-