os portugueses, por amor deles mesmos e para evitar o derramamento de sangue tão preciosos em luta eminentemente desigual, o nosso dever, a nossa honra exigem, que nos não separemos dos restos de Portugal no meio dos perigos do oceano; o nosso destino está ligado à nau que nos conduz; deixá-la seria tornarmo-nos culpados de grave injúria feita à nação!” Era o príncipe real, que assim falava, aquele mesmo que devia passar à posteridade como fundador do império brasileiro, e que nesse rasgo de patriotismo já patenteava a heroicidade de sua alma e destruía a incerteza, em que vacilava seu augusto pai, o príncipe regente.
A Bahia gozava do direito da progenitura, e coube-lhe portanto a honra da hospedagem. A magnífica baía de São Salvador abrigou as naus, que, como as de Pedro Álvares Cabral, vinham de tão longe buscar um asilo para a monarquia lusitana; mas o Rio de Janeiro estava destinado a ser a sede do império americano, e o berço da monarquia brasileira. A passagem do príncipe regente pela Bahia ficou todavia eternizada nos fastos nacionais como se as suas naus ao tocarem no primeiro porto brasileiro devessem romper essa muralha de bronze, que fechava as portas do nosso país ao comércio e navegação de todas as nações. Assim estalou o primeiro elo dos grilhões coloniais; era a independência da pátria, que dava o seu primeiro passo na senda da civilização e do progresso.