O dia 7 de março de 1808 foi de grande júbilo para os habitantes da cidade fundada por Estácio de Sá, que regou-lhe os alicerces com o sangue de seu martírio, cônscio talvez de sua futura grandeza; a magnífica baía do Rio de Janeiro alojou em seu vasto seio a esquadra real, e desde esse dia o Brasil deixou de ser uma colônia, pois tinha em si a sede de uma das mais antigas monarquias da Europa.
Outro governo mais ativo teria dado ao nosso país uma fase inteiramente nova; tomaria por si mesmo a iniciativa nos melhoramentos materiais e na difusão das luzes; a corte, porém, deixando a velha capital do império lusitano, transplantou para o virgem solo da América essas velhas instituições eivadas de absolutismo, repletas das reminiscências dos tempos feudais, e inteiramente cheias de inconveniências para uma nação nova, que despontava com o grande século décimo nono. Ainda assim, o pequeno impulso encontrou no gérmen de grandeza, que o país continha em si, um rápido incremento para o seu progresso e bem depressa a pátria compreendeu as suas necessidades; comparou o que possuía com o que lhe faltava, e de olhos fitos nas nações livres ambicionou a conquista dos direitos, a que tinha jus.
Na pessoa do príncipe real D. Pedro se fixaram as vistas dos brasileiros; viam-no identificado com a causa nacional; o destino lhe dera um berço em plaga estrangeira; mas o Brasil possuía na família do jovem príncipe