da choupana, entre as suas rústicas e pobres paredes.

Pura era a vida da mameluca — da mulher descendente de cristãos ou de bárbaros selvagens, mas educada sob o catolicismo, e que vivia satisfeita naquele engano da alma, de que fala Camões, e que a fortuna invejosa raras vezes deixa durar, e que morreria ignorada do mundo, que baixaria à vala comum dos mortos, ao seio da mãe da humanidade, com toda a sua virtude, tendo unicamente a oração fervente de mistura com algumas lágrimas, e com alguns ais de saudade de seus parentes, ao dobrar lúgubre mas passageiro dos sinos da sua aldeia, e a recompensa eterna da sua castidade na outra vida, se outro fosse o seu fim, se a peripécia da sua existência não convertesse o drama frio e comum da sua vida numa tragédia horrível, que tão grande brado deu de seu existir, que tão alto proclamou o seu nome, e que por toda a parte assoalhou o seu exemplo de amor conjugal.

A mísera e mesquinha bem longe estava do galardão, que lhe destinava o mundo depois do seu voluntário martírio. Desconhecida esposa de ignorado soldado, Maria Bárbara, que tantas provas havia dado do seu amor conjugal, foi assassinada covarde, fria e cruelmente, junto da Fonte do Marco, não longe da cidade de Belém, capital da província do Pará, pela mão homicida, que embalde pretendeu manchar a sua castidade. Resignada,