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Templos, altares de affeição sem termos!
Mundos de sentimento e de magia!
Cantos dictados pelo proprio Deos!
Oh! quantos reis que a humanidade aviltão,
E o genio esmagão dos soberbos thronos,
Trocarião a purpura romana
Por um verso, uma nota, um som apenas
Dos fecundos poemas que inspiraste!

Que bellos sonhos! Que illusões bemditas!
Do cantor infeliz lançaste á vida,
Arco-iris de amor! Luz da alliança,
Calma e fulgente em meio da tormenta!
Do exilio escuro a cithara chorosa
Surgio de novo e ás virações errantes
Lançou dilúvios de harmonia! — O gozo
Ao pranto succedeu. As ferreas horas
Em desejos alados se mudárão.
Noites fugião, madrugadas vinhão,
Mas sepultado n’um prazer profundo
Não te deixava o berço descuidoso,