Europa decente, que lhe permittisse a realisação, podiam ser o começo de um novo Egypto, um Egypto possuindo-se a si mesmo, um Egypto governando-se a si mesmo, um Egypto para os Egypcios — não uma raça escrava enfeudada á familia de Mehemet-Ali, muito menos um refeitorio franco para os esfomeados europeus.
A meu vêr, o que impediu sempre que Arabi fosse um reformador — era o ser elle um coronel fellah, filho de fellah, nascido n’uma d’essas tristes aldéas, montões de choças feitas de lama secca, que negrejam ao comprido do Nilo. Tendo vivido na abjecta miseria dos fellahs — a peior que existe sobre a terra — elle, mais que ninguem, tinha direito a erguer-se em nome dos longos aggravos do fellah. Mas, ao mesmo tempo, Arabi era um soldado que ganhara os seus postos nas prolongadas guarnições do Alto Egypto e nas campanhas do Soudan, que voltára de lá com todo o orgulho da farda, e todo o pedantismo do sabre, não só repassado de militarismo, mas enfrascado em militança — e, portanto, prompto, desde que a sua voz resoava tão alto, a pôl-a ao serviço das pretenções do exercito... Elle representava, por origem e por profissão, as duas grandes classes do povo egypcio — o soldado e o fellah; — e desde o momento em que entre os egoistas, os voluptuosos, os escravos e os interesseiros, elle pareceu