Hoje, aquelles mesmos que aconselharam essa manifestação, como o Times, confessam com o rubor nas columnas, que foi uma insensatez. Em todo o caso fez-se — e acompanhada de um documento, um papelucho diplomatico que, pelo comico intenso do seu conteúdo, parecia arrancado a alguma farça descabellada de Labiche. Esse escripto, apresentado gravemente pelos consules de França e Inglaterra, intimava o Khediva a que demitisse Arabi, o exilasse para o Alto-Egypto, para além das cataractas, conservando-lhe, para o não descontentar de todo, as suas honras de pachá e os seus soldos de coronel! Não sentis aqui, amigos, toda a folia de um vaudeville? De um lado o Khediva abandonado, em palacio, envolvido por uma revolução victoriosa, refugiado na equivoca fidelidade de alguns ajudantes de campo e de alguns eunucos; do outro lado Arabi tendo por si o exercito, a nação, o deserto e as mesquitas. E a Europa suggere áquelle Khediva que desterre para a Nubia este Arabi! Conheceis cousa alguma que mais reclame a verve do chorado Offenbach? Os jornaes inglezes hoje confessam tambem entre dentes que o papelucho era estupido. Se o era! E estão d’ahi a vêr o resultado: Arabi encolheu os hombros, adjudicou-se mais o ministerio da marinha, e substituiu alguns dos outros ministros, antigos familiares do Khediva, por homens seus, gente de nervo e de arranque.
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CARTAS DE INGLATERRA
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