Todo este mundo formava um estado no estado.
Nas suas repartições de finança, nos seus tribunaes, nos seus estados maiores, nas suas commissões, em todos os recantos da sua administração, o Egypto só via faces estrangeiras, só escutava linguas estrangeiras, só sentia interesses estrangeiros; e o dinheiro egypcio mantinha esta cohorte, que só estava alli para annullar a influencia egypcia. E eram ao menos uteis?... O consul-geral dos Estados Unidos conta, n’um livro recente sobre o Egypto, que jantara um dia no Cairo com seis empregados superiores, todos estrangeiros, cujos ordenados sommados subiam annualmente a perto de cem contos! Nas suas repartições, a correspondencia, a escripturação, a contabilidade, tudo era feito em lingua arabe: e nenhum d’elles sabia o arabe!
Não havia talvez sobre a terra peior população que a de Alexandria. Essa cidade, que fôra outr’ora o refugio do saber e do luxo do oriente, tornara-se nos nossos dias, sob o Khediva Ismail-Pachá, o barril de lixo da Europa meridional. Todo o refugo humano da Grecia, das ilhas do Archipelago, da Italia, da Sicilia, de Marselha (e Deus sabe quanto estas