Página:Cartas de Inglaterra (Eça de Queirós, 1905).djvu/218

CARTAS DE INGLATERRA
203

ou a afinação das bandas de musica, a pontaria dos artilheiros ou a fórma dos capacetes, os talentos do Estado Maior ou a excellencia da bolacha de munição, vem logo em lettras gordas, a phrase tola — o que ha de melhor no mundo!

Faz uma vedeta ingleza fogo sobre uma vedeta egypcia e depois recolhe á trincheira? Logo este facto é declarado tão nobre pelo heroismo como habil pela prudencia!

Os córos que se entoam em torno do general Wolseley, pertencem á pura farça.

Eu quero crêr que elle é um grande homem — ainda que por ora nada mais fez que debandar uma pobre horda de negros armados de flechas que vegetavam junto a não sei que rio d’Africa; mas que se póde pensar quando se lê, no World e em outros papeis, que elle é o maior general do seculo? Onde vive um certo Moltke? Quando existiu um chamado Napoleão?

O melhor, mais bem feito, mais importante jornal de Londres, a Pall Mall Gazette, envergonhado de tudo isto, explica, com a sua usual habilidade, que estas fanfarronadas não são destinadas á Europa, mas ao Egypto «para levantar o moral das tropas!» Têm pois esses regimentos em campanha nos areaes da Africa, diante d’um inimigo formidavel, vagares para ler as gazetas? Recebe cada soldado