ual e trêfega de B. Lopes, o incorregivel bohemio, cujo verso tem o sabor de um vinho finíssimo e exquisito que atordôa o cerebro sem comtudo embriagar. Nunca o leio que me nâo lembre da Lêgende du Parnaze, dessa interessante historia da bohemia franceza que creou o parnazianismo na poesia. B. Lopes faz-me lembrar aquella troupe alegre de rapazes, que Catulle Mendés nos pinta sem um sou na algibeira e com o cerebro cheio de rimas de uma sonoridade cantante de guizos. Que bella confraria, que excellente camaradagem para o poeta de D. Carmen! Não o conheço pessoalmente. Imagino-o alto, meio magro, trigueiro, olhar meigo e cheio de desejos, barba negra e aparada a nazareno, boa dentadura, chapéo tombado para o lado, toilette descuidada, causeur infatigável... Um typo assim é que eu percebo nos Pizzicatos. E ahi ficam os escriptores e poetas da actual geração litteraria que, ao meu ver, occupam, com toda a justiça, o primeiro plano. Verdadeiramente originaes e operosos, elles merecem os nossos applausos. Já é tempo de se fazer a selecção rigorosa dos que escrevem por decidida vocação, com sacrifício da própria vida e não por um simples dilettantismo. A litteratura e as artes de um paiz são cousas muito mais sérias do que vulgarmente se julga. Rio, 1893.