Ainda havia um corredor, a despensa, a cozinha, uma escada que conduzia à chácara, outra ao segundo andar e mais três alcovas para hóspedes, todas do mesmo tamanho e numeradas.

A numeração dos quartos principiava aí nesses três para continuar em cima. Em cima é que estava o grande recurso da casa, porque Mme. Brizard dividira todo o segundo pavimento em oito cubículos iguais, ficando quatro de cada lado e o corredor no centro. Os da frente davam janelas para a rua e os do fundo para a chácara. As paredes divisórias eram de madeira e forradas de papel nacional.

João Coqueiro, quando saiu do Hotel dos Príncipes na manhã do almoço, ia preocupado; Simões, que caminhava à sua esquerda um pouco sacudido pelos vinhos, em vão tentou, repetidas vezes, puxá-lo à palestra; o outro respondia apenas por monossílabos e, na primeira esquina, despediu-se e correu logo para casa.

Ao chegar foi direto à mulher, dizendo-lhe em voz baixa, antes de mais nada:

— Olha cá, Loló...

E encaminhou-se para o quarto. Mme. Brizard largou o que tinha entre as mãos e seguiu-o atentamente.

— Sabes? disse ele, sem transição, assentando-se ao rebordo da cama. — É preciso arranjarmos cômodo para um rapaz que há de vir por aí domingo.

— Um rapaz! Mas tu sabes perfeitamente que os quartos acham-se todos ocupados. Se tivesses prevenido... o n.º 2 ainda ontem estava vazio... Mas quem é?

— Há de se arranjar, seja lá como for! disse o Coqueiro.

— Mas quem é?... insistiu Mme. Brizard.