os olhos como se fugira para dentro de si mesmo.

César, ao lado, acompanhava-lhe os movimentos com persistência tão grosseira que a outro qualquer constrangeria.

Defronte perfilava-se o gentleman. Teso, o pescoço imobilizado no rigor de uns grandes colarinhos; as sobrancelhas franzidas diplomaticamente; o olhar grave, de quem medita coisa de alta importância; a boca engolida por um farto bigode grisalho; o queixo escanhoado, formando largas pregas, sempre que Lambertosa voltava o rosto com amabilidade para responder o que lhe diziam da direita ou da esquerda. Bonita figura, bem apessoado, fronte espaçosa, cabelo branco, puxando de trás sobre as orelhas.

Entre ele e Coqueiro, Amelinha, cheia de piscos de olhos e de gestozinhos passarinheiros, recebia do irmão os pratos de sopa e passava-os adiante.

— E Nini?... perguntou Mme. Brizard com interesse.

E, como Amâncio a fitasse, quando lhe ouviu aquela pergunta, ela explicou que Nini era uma filha sua, "muito doente, coitadinha!"... E contou logo a história da pobre menina — a viuvez, a dolorosa morte do filhinho "que lhe havia ficado como extrema consolação", e, afinal, falou daquela "maldita moléstia que sobreviera a tantas calamidades e que parecia disposta a não abandonar mais a infeliz".

— Não dá idéia do que foi! disse após um suspiro. — Era uma beleza e tinha o gênio mais alegre deste mundo! Ah! Está muito mudada! muito mudada! Impressiona-se com tudo, tem exigências pueris, caprichos, coisas de uma verdadeira criança! E ninguém a contraria, que aparecem as crises, os ataques! Uma campanha! — Ainda outro dia porque não lhe deixaram ver um desenho que meu marido achou na chácara...