E, voltando-se rapidamente para Amâncio:

— O Sr. Vasconcelos não se serve de vinho?... — Um desenho indecente; pois ficou prostrada e eu tive sérios receios de a ver perdida para sempre! Desde então está nervosa que se lhe não pode dizer nada! É preciso não insistir com ela em coisa alguma: se a chamam duas vezes para a mesa, começa a chorar e não vem; se a querem constranger a pôr um vestido melhor, um penteado mais decente, são gritos, soluços, repelões, e agarra-se à cama, que não há meio de tirá-la! Eu já não sei o que faço!...

— Por que, Madame, não experimenta os banhos de mar? perguntou o gentleman, limpando energicamente o seu grosso bigode no guardanapo que atara ao pescoço.

— Qual! Não produzem efeito nenhum! Ela já tomou quarenta seguidos. Acho até que ficou pior.

— É estranho!... volveu o gentleman, franzindo o sobrolho e passando à Lúcia a corbelha de farinha. — É estranho, porque, segundo Durand Fardel, não há enfermidades nervosas que resistam a um bom regime de banhos marítimos; mas aconselha também o uso interno de água salgada, e prova que a mineralização desta é muito mais rica em cloreto se sódio do que a das águas minerais da fonte.

— Não sei, Sr. Lamber...

Mme. Brizard não se lembrava do nome dele.

— Lambertosa, Madame, Lambertosa!

— Não sei, Sr. Lambertosa, não sei... O caso é que Nini não consegue melhorar. Temos experimentado tudo, tudo!

E, mudando de tom, bateu no braço de Amâncio, segredando-lhe com um sorriso:

— Não se esqueça de provar daqueles camarões. São especiais!...