com insistência de criança; depois, contraiu os músculos do rosto e espalhou a vista, vagarosamente, a tomar longos sorvos de ar.
Um silêncio formou-se em torno de sua chegada; percebia-se que pensavam nela.
— Queres sopa , Nini? perguntou afinal Mme. Brizard, com ternura. E, como a filha fizesse um movimento afirmativo de cabeça, passou-lhe um prato cheio.
Nini sorveu-o todo, a colheradas seguidas e pediu mais.
A mãe aconselhou-a que comesse antes outra qualquer coisa.
Nini largou a colher no prato, sem dizer palavra, e pôs-se de novo a encarar para Amâncio, com um olhar tão dolorido e tão persistente, que o rapaz ficou impressionado.
E não lhe tirou mais a vista de cima. O estudante remexia-se na cadeira, importunado por aqueles dois olhos grandes, rasos, de um azul duvidoso, que se fixavam sobre ele, imóveis e esquecidos.
Disfarçava, procurava não dar por isso, nada, porém, conseguia. Os dois importunos lá estavam, sempre, assentados sobre ele a lhe queimar a paciência, como se fossem dois vidros de aumento colocados contra o sol.
— Que embirrância! dizia consigo o provinciano.
Entretanto o jantar esquentava. A conversa explodia já de vários pontos da mesa com mais frequência; ouviam-se tinir os garfos de encontro à louça, e os copos esvaziavam-se e de novo se enchiam, sem ninguém dar por isso.
Mme. Brizard não se descuidava um minuto de Amâncio. Apontava-lhe os pratos preferíveis, puxava as garrafas para junto dele, sempre a falar da salubridade