Era a primeira vez que Amâncio via o colega sair de si. Não o supunha capaz daquelas explosões.

Mme. Brizard compreendeu o pensamento do provinciano e apressou-se a dizer-lhe ao ouvido:

— Também é só o que o faz sair do sério... a literatura!

Amélia indagou se Amâncio também escrevia. Ele disse que sim, a desculpar-se com os outros.

— Quem neste mundo não rabiscava mais ou menos?...

Ela mostrou logo empenho em lhe conhecer as produções.

— Não vale a pena! disse o moço. — Não vale a pena!

— Ai, ai! suspirou Nini, que parecia adormecida com os olhos abertos.

Mme. Brizard que já conhecia o alcance daquele suspiro, perguntou à filha o que desejava. Nini apontou melancolicamente para um prato, onde fatias transparentes de abacaxi nadavam em calda de vinho.

— Não senhora, volveu a mãe — isso não pode ser; faz-te mal.

Nini suspirou de novo e ficou e a olhar para Amâncio, resignadamente, o semblante muito pesaroso, a cabeça vergada para o lado.

— Serve-te antes de doce, aconselhou Mme. Brizard.

O Lambertosa apressou-se a passar a Nini a compoteira.

— Pouco, Sr. Lambertosa, dê-lhe pouco!

Veio o café. César levantou-se da mesa e foi brincar a um canto da sala. Mme. Brizard queria saber se estavam todos satisfeitos; ela, quanto a si, jantara perfeitamente, confessava.

E, com um aspecto regalado, deixava-se ficar prostrada