— Mas... ia responder o marido.

— Cale-se, berrou ela. — Não me dê uma palavra, que não estou disposta a lhe ouvir a voz! Diabo do basbaque!

Fez uma pausa, estava arquejante, mas continuou logo:

— Também ali, acabou-se! cruz na porta! Nunca mais! nunca mais! Nem admito que me falem na rua! Corja!

E, levantando-se com ímpeto, cumprimentou a todos com um arremesso, e subiu para o segundo andar, levando o marido na frente, aos empurrões.

— Safa, disse Amâncio consigo.

O Dr. Tavares é que vinha satisfeito. Estivera em casa de um amigo, pessoa de muita consideração, onde se reunia a mais fina sociedade.

E, necessitando de expandir o seu bom humor, entabulou conversa com Amâncio. Falou-lhe a um só tempo de mil coisas diferentes; tratou muito de si; das suas pretensões na Corte que apenas conhecia de alguns meses; das suas esperanças de obter o que desejava: do que lhe dissera tal ministro; do que lhe prometera tal conselheiro, e, afinal, da sua profissão de advogado, profissão que ele exercia com entusiasmo, com delírio, porque, desde pequeno, toda a sua queda fora sempre para falar em público, para dominar as massas.

E, esquentando-se ao calor de suas próprias palavras, discursava, como se já estivesse no tribunal. Armava posições; recorria aos efeitos da tribuna, vergava para trás a cabeça, ameaçando espetar o auditório com a ponta de sua barba triangular.

Sentia-se radiante por ver que todos os mais não abriam a boca, enquanto ele estivesse com a palavra.

Seu tipo indeciso, de cearense do interior, uma dessas fisionomias confusas e duvidosas, nas quais o fulvo