já gostava de a ver, misteriosa e pálida, arrastando a vida com a languidez de uma convalescente.

Estava todo embevecido a pensar nesta simpatia, quando voltou por acaso o rosto e deu com os olhos de Nini, que o fitavam sem pestanejar.

— É birra, não tem que ver! pensou ele aborrecido.

Duas horas depois tornavam à sala de jantar. Serviam-se as torradas. Pereira, com o César adormecido sobre as pernas, ressonava profundamente na mesma preguiçosa em que o tinham deixado.

Mme. Brizard chamou o copeiro e ordenou-lhe que recolhesse o menino. Pereira espreguiçou-se, abriu vagarosamente os olhos, mas tornou a fechá-los, bocejando.

Já estavam à mesa, quando os hóspedes principiaram a chegar.

Veio o Paula Mendes e mais a mulher. Ele de pequena estatura, grosso, os movimentos acanhados, a voz branda e a fisionomia triste; ela muito alta, cheia de corpo, despejada de maneiras e com feições de homem.

Chamava-se Catarina, estava sempre a implicar com as coisas e tinha muita força de gênio. Entrou na sala como uma fúria; o marido atrás. Cumprimentou a todos com um — "boas noites" terrível, e, atirando-se a uma cadeira, declarou, a bater com a mão na mesa, que vinha desesperada! — Pois, se em vez de piano, lhe haviam dado um tacho, um verdadeiro tacho, para executar um noturno de Chopin, dificílimo!

— Pouca-vergonha! exclamava ela, rangendo os dentes. — Canalhas!

— Mas o culpado foste tu, lesma de uma figa! — já devias conhecer melhor aquela súcia!