chegou a pensar em Amélia, em Mme. Brizard, na macuma, e até, que horror! em Nini!

— Ai, meu Deus! gemeu nesse instante o doente do n.º 7.

O estudante deixou a porta de Lúcia e seguiu em ponta de pé pelo corredor. Ao passar defronte do quarto de Paula Mendes, suspendeu o passo; a luz continuava com a mesma intensidade; o curioso não resistiu a uma tentação e espiou pela fechadura.

O pobre homem trabalhava, vergado sobre uma mesinha estreita e toda coberta de papéis de música. Ao lado, pelas cadeiras e sobre um sofá de couro negro encostado a um biombo, havia folhas esparsas e cadernetas empilhadas.

Recebera nessa tarde a encomenda de organizar uma sinfonia, que tinha de ser executada daí a quatro dias em uma festa fora da cidade. O Imperador prometeu que iria.

Mendes estava ainda organizando as partes cavadas. Ouvia-se o ranger da pena no papel grosso de Holanda, o tique-taque de um despertador de metal branco, pousado sobre a cômoda, e o grosso ressonar da mulher, que dormia por detrás do biombo. O rabequista parecia menos triste aquela ocasião do que nas outras em que o vira Amâncio.

— É porque a mulher está dormindo, calculou este, lembrando-se do mau gênio de Catarina. E considerou sobre a existência ordinária que levariam ali, encurraladas no mesmo cubículo, aquelas criaturas tão opostas.

Mendes, sem desprender a pena do papel, começou a solfejar em voz baixa o que escrevia; mas, como lá dentro cessassem os roncos da mulher e esta se remexesse