— Faz-me conta, respondeu secamente o provinciano. E, chegando-se para o locandeiro, acrescentou-lhe ao ouvido: — Logo mais te direi a razão por quê...
Ficou resolvido que o guarda-livros passaria a ocupar o gabinete de Amâncio; este iria para o n.º 6, e Paula Mendes e mais a mulher deixariam de comer à mesa de Mme. Brizard, continuando, porém no n.º 5, até que liquidassem as suas contas.
Na tarde desse mesmo dia, como fizesse bom tempo, as senhoras combinaram tomar o café na chácara. Mme. Brizard, Amelinha, Lúcia e Nini, mal acabaram de jantar, desceram ao terraço. Coqueiro e Amâncio já iriam também para o cavaco. — Tinham primeiro que dar dois dedos de conversa.
Os dois rapazes meteram-se no vão de uma janela da sala de visitas, e Amâncio, com acentuações de quem detesta imoralidades, disse ao outro, sem transição:
— Coqueiro, estou aqui há pouco tempo, mas estimo tua família, como se fosse a minha própria, e, por conseguinte, entendo que é do meu dever abrir-me contigo sempre que nesta casa descobrir qualquer coisa que possa ter consequências graves...
— Mas que há? perguntou o outro a fitá-lo, com muito empenho.
— Trata-se de Nini, disse o provinciano em voz soturna.
Coqueiro remexeu-se no canto da janela.
— Sabes, continuou aquele — que a pobre menina sofre horrivelmente dos nervos, e creio que até que tem qualquer desarranjo na cabeça...
— Sim, por quê?