— Vamos! Mude essa roupa. O remédio está produzindo efeito. É preciso não resfriar.
O estudante despiu a camisa suada e vestiu a outra.
— Agora sente-se melhor? perguntou a mulher de Pereira.
Estava assim, assim... Ainda lhe doía o corpo, e o comichão não tinha diminuído. Parecia que lhe passeavam formigas pelas pernas.
— Trate de repousar. Adeus. Eu voltarei de manhã, para lhe dar outra dose do remédio. Até logo.
Amâncio pediu-lhe que se demorasse mais um pouco, que se sentasse um instante ao seu lado; ela, porém, muito senhora de si, negou-se formalmente, dizendo com a cabeça que não e recomendando-lhe com um gesto que se acomodasse.
— Ao menos um beijinho... pediu ele.
A outra não espondeu e saiu na ponta dos pés.
Voltou pela manhã, como prometera, mas o copeiro já havia dado o remédio ao doente.
— Então! Como passou? perguntou ela, indo apertar-lhe a mão.
— Ora, mais incomodado com a sua ausência do que com a minha moléstia... respondeu o moço, fazendo um ar infeliz.
— Impressões de momento... retorquiu Lúcia, sorrindo. — Daqui a pouco não se lembrará mais de mim...
E logo que viu sair o preto...
— Para só pensar na Amelinha...
Amâncio fez um gesto de repugnância.
— Tem toda a razão!... prosseguiu ela — toda Amelinha é moça, é bonita, e pode casar!
— Comigo, nunca!... afirmou o rapaz.
— Não poria a mão no fogo... insistiu Lúcia. — Agora eu, sim, já sou papel queimado, e estou velha...