más horas. Traziam-lhe a comida e depunham-na sobre o velador. "O bodega lá que se arranjasse!"
Mme. Brizard, por mais de uma vez, dissera:
— Também aquele estafermo não ata nem desata!...
Por voltas das quatro da madrugada, Amâncio sentiu passarem-lhe brandamente a mão pela testa, e despertou estremunhado.
Um candeeiro de azeite derramava no quarto a sua meia claridade trêmula e duvidosa. Era tudo silêncio e quietação.
— Lúcia! disse ele, reconhecendo-a e tentando passar-lhe o braço na cintura.
— Psiu! fez a ilustrada senhora com um dedo nos lábios. — Tenha modo! O copeiro está dormindo e, como o médico recomendou que não deixassem lhe dar de hora em hora uma colherada do remédio, eu...
— Meu amor!
— Nada de bulha! Tome o remédio e trate de dormir, que você está doente.
Amâncio bebeu a tisana e com um gemido arrastado pousou de novo a cabeça nos travesseiros.
— Como se acha ensopada esta camisa! observou Lúcia, apalpando-lhe as costas solicitamente. E perguntou logo onde estava a roupa branca.
O rapaz apontou com dificuldade para a gaveta inferior da cômoda, e acrescentou careteando:
— No findo, ao lado esquerdo.
Ela foi abrir o gavetão, muito de mansinho, para não acordar o copeiro, que dormia a sono solto sobre um enxergão no soalho, e reveio, toda desvelos com uma camisa aberta nos braços.