afianço é que nunca em minha vida consegui pôr de parte um bocado de dinheiro!
E o caso era que Campos, ou devido à fortuna ou ao bom tino para os negócios, prosperava sempre.
Às quatro horas da tarde apareceu de novo Amâncio.
Vinha esbaforido. O dia estava horrível de calor. Campos foi recebê-lo com muito agrado.
— Então? disse-lhe. Está livre das cartas?
— Qual! respondeu o moço — tenho ainda cinco para entregar. Uma estafa! No Maranhão nunca senti tanto calor!...
— Falta de hábito! observou o outro. Daqui a dias verá que isto é muito mais fresco!
— Estou desta forma!... queixava-se Amâncio, quase sem fôlego, a mostrar o colarinho desfeito e os punhos encardidos.
— Suba, volveu Campos, empurrando-o brandamente. — Tome qualquer coisa. Vá entrando sem-cerimônia.
E, já na escada do segundo andar, perguntou de súbito:
— É verdade! e a sua bagagem?...
— Está tudo no Coroa de Ouro. Hospedei-me lá.
— Bem.
E subiram.
Amâncio deixou-se ficar na sala de visitas; o outro correu a prevenir a mulher.
— Neném! disse ele. Sabes? hoje temos ao jantar um moço que chegou do Norte, um estudante. É preciso oferecer-lhe a casa.
Hortênsia respondeu com um gesto de má vontade.
— Não! replicou o negociante. É uma questão de