de sua casa, já comprando umas jardineiras, que lhe chamaram a atenção em tal rua; já trazendo uma estatueta, um quadro, uma nova máquina de fazer sorvetes, ou um sistema aperfeiçoado para esta ou aquela utilidade doméstica.

Gostava que em sua casa houvesse um pouco de tudo. Não aparecia por aí qualquer novidade, qualquer novo aparelho de bater ovos, gelar vinhos, regar plantas, que Campos não fosse um dos primeiros a experimentar.

A mulher, às vezes, já se ria quando ele entrava da rua abraçado a um embrulho.

— Que foi que se inventou?... perguntava com uma pontinha de mofa.

O marido não fazia esperar a justificação do seu novo aparelho, e, tal interesse punha em jogo, que parecia tratar de uma obra própria, de cujo sucesso dependesse a sua felicidade. E, logo que encontrasse algum amigo, não deixava de falar nisso; gabava-se da compra que fizera, encarecia a utilidade do objeto e aconselhava a todos que comprassem um igual.

Campos, depois do casamento, principiou a prosperar de um modo assombroso; dentro de três anos era o que vimos: — rico, muito acreditado e seguro na praça.

E, contudo, não tinha mais do que trinta e seis anos de idade.

— É um felizardo! resmungavam os colegas com o olhar fito. — É um felizardo! Quem o viu, como eu, há tão pouco tempo!...

— Mas sempre teve boa cabeça!...

— São fortunas, homem! Outros há por aí que fazem o dobro e não conseguem a metade!

— Não! ele merece, coitado! É muito bom moço, muito expedito e trabalhador!

— Homem! todos nós somos bons!... O que lhe