O outro declarou que estava ali à espera de Coqueiro.

— Deixa lá o Coqueiro, homem! Tens medo de ir só para casa?...

— Mas é que não sei se me fará mal beber alguma coisa. Ainda estou em uso de remédios.

— Não sejas idiota! exclamou Paiva, puxando-o pelo braço.

Amâncio deixou-se levar, não tanto pelo prazer da companhia, como pela circunstância de se livrar de Coqueiro, o que lhe dava esperanças de ver Lúcia ainda essa tarde.

No café, defronte dos copos, a conversa voltou de novo à gente de Mme. Brizard.

— Gentinha! qualificou Paiva, atirando a palavra com o desprezo de quem lança fora o sobejo de um copo.

E, depois, entortando os lábios, numa obstinação torpe:

— A questão está no pagamento!

Amâncio riu. Sentia-se feliz; aquele dia de liberdade, depois de tamanho recolhimento, os cálices de xerez, as palavras degotadas de Rocha; tudo isso lhe picava o espírito com uma pontinha de alegria devassa. Seus gostos, suas tendências luxuriosas, volviam-lhe em revoada, como pássaro de arribação. Ficou expansivo, disposto aos desabafamentos da vaidade. Em breve, contava tudo o que se passara com ele na casa de Mme. Brizard, descrevia as maneiras de Amelinha com sua pessoa, os pequenos cuidados amorosos, as pequeninas frases significativas; narrou minuciosamente as cenas com Lúcia e disse que, ao sair do café, iria visitá-la à Tijuca.

— Está claro! trejeitou o outro, cuspilhando a areia branca do chão de pedra e batendo com a ponta da bengala sobre os pés cruzados. — Eu, no teu caso, já teria desforrado melhor os cobres!