Os dois prosseguiram de braço dado por entre o murmurejar tristonho daquelas sombras. E lentamente, e sem trocarem uma palavra, se deixaram ir até a espalda de um muro que servia de limite à chácara.

Havia um grosseiro banco de pau meio escondido entre bambus e trepadeiras. Assentaram-se. Um fio d'água corria da montanha e os passarinhos remigiavam trilando na mole embalsamada das estevas.

Amâncio passou um braço na cintura de Lúcia e chamou-lhe o corpo para junto do seu. Ela deixou-se arrebatar, bambeando a cabeça, num encontro apaixonado de lábios.

O rapaz parecia louco no seu desejo.

— Não! Isso não! dizia a outra. — Mostre que é um homem de espírito! Não se queira confundir com esses materialões que há por aí!

Ele opunha as razões que lhe vinham à cabeça para justificar os seus rogos: "Lúcia que não quisesse desvirtuar o amor, o verdadeiro amor, fazendo de um sentimento real e fecundo uma pieguice romântica e desenxabida." Lembrou-lhe o que ela própria dissera, quando pela primeira vez estiveram juntos.

E, num esfolegar febril e ruidoso, suplicava-lhe um pouco de compaixão, ao menos; que não o torturasse daquele modo; que não o obrigasse a sucumbir ao desespero de sua paixão!

Lúcia não atendeu. — Ele que deixasse a casa de Mme. Brizard e viesse tomar um cômodo ali na Tijuca. Assim... bem! Mas, naquele momento e naquelas circunstâncias... Não! não! e não!

Apesar da enérgica recusa, Amâncio insistia sempre.

— Não seja teimoso, repreendeu ela, arrancando-lhe as saias da mão. — Oh!