— Um beijinho... pediu ele, mostrando o rosto.

— Logo!

— Com certeza?...

— Com certeza!

E a pequena desapareceu muito ligeira — tique, tique, tique, pela escada.

Pouco depois combinaram a primeira entrevista. Ela subiria ao sótão, logo que a casa estivesse completamente recolhida. Amâncio que a esperasse no escuro e com a porta do quarto apenas cerrada.

O rapaz não pôde ficar tranquilo mais um instante.

As horas nunca lhe pareceram tão longas e as conversas tão intermináveis. Um sobressalto feliz perturbava-o todo, tirava-lhe o apetite e não lhe permitia um pensamento que não fosse cair aos pés de Amélia.

Por maior caiporismo, Dr. Tavares tinha essa noite uma visita que parecia disposta a não largá-lo. Era um velho de sua província muito falador de política, apaixonado pelas eleições, pelos conservadores, mas que, nem à mão de Deus Padre, pronunciava os rr e os ss e dizia: "Os partido liberá, os senado", e outras barbaridades.

— Quando se irá este cacete?... pensava Amâncio, trêmulo de impaciência.

E Tavares a puxar pelo demônio do homem, a fazer-lhe perguntas sobre perguntas e a despejar contra ele a sua retórica inexaurível.

Até o guarda-livros que às vezes passava dias e dias sem dar uma palavra, estava essa noite disposto a falar pelos cotovelos. Ainda pilharia o chá e, repimpado na cadeira, com um brilhante a luzir num dedo, o ar satisfeito, os punhos bem engomados, taramelava a respeito dos seus projetos de casamento. "Sim, que ele, havia coisa de ano e meio, estava para desposar uma