Desde esse momento, a vida em casa de Mme. Brizard tornou-se para ele uma coisa muito agradável. Ninguém mostrava desconfiar, ao menos, de suas intimidades com Amélia, pelo seu lado parecia satisfeita com o estado das coisas.

Só uma ligeira circunstância covardemente o arreceava: é que a pequena não lhe exibira amor em quarta ou quinta edição, como dizia Paiva, mas em comprometedoras primícias, com todos os cruentos requisitos de uma estréia.

Fugiu o primeiro mês da lua-de-mel, sem o menor eclipse. Contudo, ele agora puxava um pouco mais pela bolsa: a família estava em crise; a pensão de Nini absorvia os proventos que se obtinham de Tavares e do guarda-livros; o casarão da Rua do Resende apenas conseguiria alugar em parte; os gêneros de primeira necessidade eram mais caros em Santa Teresa.

Mas que valia tudo isso posto em confronto aos gozos que lhe proporcionava a deliciosa rapariga?

Ela parecia viver exclusivamente para lhe dar carinhos e afagos. Era como se fora sua esposa; deixava tudo de mão para só cuidar do amante. — Ele estava em primeiro lugar! Agora a pequena lhe fazia a cama; levava-lhe ao quarto o moringue d'água, penteava-lhe os cabelos, e exigia que o rapaz lhe dissesse os passos que dava, por onde estivera, com quem falara e o dinheiro que gastara. Revistava-lhe conjugalmente as algibeiras, lia-lhe as cartas e, sempre desconfiada, cheirava-lhe as roupas.

Amâncio sorria de tais ciúmes, com o ar seguro de quem desfruta em paz uma felicidade legítima e abençoada por todos. Já não furtavam beijinhos assustados por detrás das portas; não roçavam os joelhos por debaixo da mesa, e não se serviam das mãos como instrumento