a um ponto, o ar todo caído e acabrunhado como por uma espécie de desgosto; não se mexia, apenas, quando Amâncio teimava muito em querer beijá-la, desviava o corpo, sem voltar a cabeça.

— Mas, então?... perguntou ele.

— Então, o quê?... fez a outra como que interrompendo um longo pensamento.

— Não aceita o meu amor?...

— Não, decerto, não posso aceitar semelhante coisa!

— Por que, minha santa?...

— Não tenho esse direito; conheço os meus deveres e a minha responsabilidade. O mais que lhe posso dar é uma afeição de irmã, de amiga, uma afeição sagrada e pura!

Amâncio declarou que pensava desse modo justamente, mas agora queria um beijo, um só! o primeiro e último! — Nada mais sagrado e puro do que um beijo!...

— Nunca! disse ela, fugindo com o rosto.

Ele a tomou à força e a senhora ficou ressentida, chegou a ter um gesto de impaciência e teria fugido, se o estudante não a segurasse pela cintura.

— Solte-me!

— Perdoa, perdoa, meu amor! segredava ele, quase ajoelhado. — Bem quisera ser para contigo o mais respeitoso dos homens, mas não me pude conter, não me pude dominar... Perdoa!

— E jura que, de hoje em diante, não cairá noutra?...

— Juro! juro! mas não te revoltes contra mim!...

— E que nunca mais me faltará ao respeito?...

Amâncio fez um gesto afirmativo, no qual seus olhos, agora mais estrábicos sob a influência do vinho