pagar com a língua de palmo! para não seres cão, meu safardana!
Foi-se, porém, todo o dia, sem que Amélia deliberasse o destino que deveria dar à carta. Só na manhã seguinte apareceu-lhe uma resolução.
For ter com o mano, chamou-o de parte e entregou-lhe.
— Vê isto, disse.
Coqueiro abismou-se logo desde as primeiras palavras: "Minha adorada e incompreensível Hortênsia."
— Que vem a ser isto?... perguntou ele intrigado.
— Lê! Respondeu ela.
E, enquanto o irmão devorava o que vinha escrito:
— Vê tu só a hipocrisia daquele sonso!...
— Ele já sabe que esta carta está em teu poder? interrogou Coqueiro depois da leitura.
—Qual! nem pode descobrir!
— Ainda não deu pela falta?
— Já. Zangou-me um bocado, arrepelou-se, mas afinal creio que se convenceu de que a tinha perdido.
— E agora o que tencionas fazer disto?
— Não sei... Que achas tu?...
— Acho que por ora não convém fazer nada.
— Calar-me?!
— Por ora, decerto! Esta carta pode vir ainda a servir-te de muito, mas é preciso que, em primeiro lugar, apareça a ocasião. Se quiseres, deixa-a comigo, que eu sei o destino que lhe devo dar.
E guardou-a no bolso depois de um gesto aprobativo da irmã.
— Ele a teria escrito de novo e feito chegar às mãos de Hortênsia, sabes?...
— Não sei, mas posso ver.